RESUMOS DE TEXTOS DIVERSOS



A missão do Bibliotecário


A vocação é um chamado íntimo e radical, uma proposta para o indivíduo fazer o que deve.  É um convite, e, portanto, ele é quem decide aceitar ou não. Trabalhar faz parte da vida. A sociedade tem seu sistema de missões. O trabalho é um oficio, um dever, algo que se pode fazer ou não, mas que é necessário fazê-lo. Obedecer a esse chamado significa ouvir e fazer. Durante a Idade Média a preocupação com o livro não aparece para o público. Os livros eram guardados, como se guarda utensílios de limpeza. No início do Renascimento quando aparece o livro despido da pretensão de ser revelação ou código, mas como registro do que o indivíduo pensa, o livro começa a ser sentido como necessidade social. O século XV precisa de livros, os bibliotecários renascentistas são caçadores de livros. E nesta época nasce a imprensa. Em 1800, após três séculos, os livros são tantos que é preciso catalogá-los. A necessidade agora não é a busca por livros, mas a promoção da leitura. As bibliotecas se multiplicam e os bibliotecários também. Em 1850 o Estado reconhece no livro uma função pública, um organismo político fundamental então a profissão de bibliotecário é oficializada e se converte em burocracia. É preciso solucionar dificuldades corporais e espirituais humanas. As pessoas criam facilidades para solucioná-las, a cultura é a soma de tais facilidades. Essas mesmas criações facilitadoras tornam-se dificuldades. O século XX trouxe o livro como dificuldade, com efeitos nocivos não previstos. O livro é instrumento criado para conservar todas as idéias e reduzir dificuldades nesse aspecto. O crescimento e especializações das ciências ultrapassam os limites humanos. Livros em excesso, livros inúteis, leituras sem apropriação, sem reflexão, são fatores que sugerem um bibliotecário com uma missão de ajustar a função do livro.
O bibliotecário deverá domar o livro. É preciso criar uma nova técnica bibliográfica onde reunir a bibliografia do interesse de um autor deixe de ser um problema. Pode ser necessário regular a produção do livro, organizando de forma a dificultar produção de livros inúteis e promover a de obras imprescindíveis. Orientar o leitor não especializado na selva de livros. Como um filtro entre livros e homens. O livro é resultado do que se diz com necessidade de conservação simplesmente mais o silêncio. O que se diz relaciona-se a uma determinada situação, e esta precisa ser reproduzida. É preciso que alguém que pense com autonomia sobre determinado tema, então leia, interprete. De outra maneira ler muito e pouco pensar, torna o livro um instrumento que falsifica a vida humana. A humanidade poderá tornar-se cheia de supostos conhecimentos, sem verdade. Apenas carregadores de frases. A palestra acima foi proferida em 1935 num Congresso da IFLA[1]. Havia representantes de 35 países. O tipo de filtro que Ortega diz pode ser de dois tipos: selecionar acervo para usuários em potenciais e presta assistência a cada cliente em necessidades específicas. A missão do bibliotecário é estimular pensamento e reflexão para apropriação do conhecimento. Um dos males do mundo é a quantidade de matéria inútil gerada e despejada. Pode ser necessária uma seleção que despreze os livros inúteis. O necessário do supérfluo deve ser discernido. O necessário deve ser bem manejado. A memória deve ser liberada através de soluções mecanizadas como livro-máquina. Um exemplo é o Google, uma espécie de enciclopédia. Nesta época atual tudo parece se reduzir a informação, o bibliotecário deve pensar e repensar sobre seu papel social a todo instante. A visão de Ortega sobre a missão do bibliotecário começou em 1935 e ainda hoje sugere caminhos a serem desbravados.





[1] IFLA – Federação Internacional de Associações de Bibliotecários e Instituições

Palavras-chave: Ortega Y Gasset. Missão do Bibliotecário. Livro.

REFERÊNCIA: ORTEGA Y GASSET, José. Missão do bibliotecário. Tradução e posfácio de Antonio Briquet de Lemos. Brasília, DF: Briquet de Lemos Livro, 2006.

Escrito por Telma Alencar em Novembro de 2011




A leitura em questão

Ler é uma questão de status. Leitor é àquele que possui técnica que o permita manusear bem um livro. É saber encontrar diversas respostas, inclusive avaliar a qualidade do conteúdo. Cada indivíduo deve assumir o poder de aprender e aprender é resposta a um desequilíbrio. A proposta de desescolarizar a leitura cuida para formar leitores de forma a garantir que o leitor seja portador do poder para ler. Formação de leitores, bem como alfabetizar, leiturizar e realfabetizar são processos permanentes. Encontrar as respostas buscadas num livro exige que se saiba antes 80% da informação buscada o que possibilitará interpretar os 20% encontrados. No Século XIX a alfabetização era ferramenta de produção, não era desejável que se estabelecessem questões mais elaboradas com a leitura. O indivíduo alfabetizado é capaz de apenas decifrar algo semelhante a pictogramas como sinalizações, mas não é capaz de refletir e utilizar a leitura como meio para informação ou diversão. O bibliotecário aproxima livros e pessoas, promove educação permanente para tal. Algumas medidas de caridade podem contribuir negativamente para o processo de leiturizar, podem ser causa de atrasos no processo de ler. Um indivíduo pode voltar a condição de analfabeto, aprender é um poder que deve ser assumido por cada um cotidianamente. Ler é compreender coisas, é encontrar respostas. Uma política de leiturização deve compreender que o poder está na posse deste pelo coletivo, pois o poder está em compartilhar sem manipulação. É preciso desenvolver ações que ataquem as causas da desigualdade social.  É preciso esforços sociais, diretrizes e políticas sobre leiturizar nos seguintes assuntos: é preciso querer ler, leitura e status, mediadores de leitura devem possuir teorização sobre o assunto, leitor é aquele que sabe buscar o que quer ler, novos leitores, novos escritores, investigar metodologias de ensino-aprendizagem e se necessário aprimorá-las. Os livros devem ser oferecidos a quem tem razões para ler, e àqueles que não têm?

Palavras-chave: Alfabetização. Leiturizar. Ler. Mediação.

REFERÊNCIA: FOUCAMBERT, Jean. A leitura em questão. Tradução Bruno Charles Magne. Porto Alegre: Artmed, 1994.


Escrito por Telma Alencar em Novembro de 2011

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